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domingo, 14 de março de 2010

O começo


Criei esse blog com o objetivo de trocarmos experiências em diversas áreas e diversos estágios do Direito. Imagina se antes de entrar naquele estágio, que você ficou na dúvida se daria certo ou não, se vai aprender ou não, alguém que já está lá há bastante tempo lhe dá todas as dicas? Não seria mais fácil?! Em 5 anos de graduação nunca dá tempo de passar por todos os estágios que você gostaria. Você tem interesse pela área tributária, mas não teve a oportunidade e/ou tempo de fazer um estágio num escritório tributário. Por que não ler um depoimento de um estagiário da área tributária? Saber o que ele faz, saber onde ele tem que ir, etc.

Através desse blog, quero poder tentar passar tudo que vivi até hoje, no meu 7º período, e o que estou vivendo. E claro, desabafar um pouco sobre essa vida suada que todo estagiário tem: "viajar" pelas comarcas de cada Estado, carregar pilhas e pilhas de processos, ligar para o advogado desesperado, correr pelas ruas às 17:50 h para uma protocolar petição que te entregaram às 17:49 h (considerando que seu horário de saída é - ou era - às 18h), e para os estagiários públicos, desabafe aquela petição de folhas 200 que foi para uma sua mesa para numerar (e sem querer que vc pulou o n º 128), o famoso balcão das serventias, e assim vai ... Estagiários e / ou estudantes de Direito aqui relaxem e veja que você não é o único "escraviário", "estagiotário", "esterno" menino "de luxo", e outros apelidos infelizes que aquele advogado recém-formado com o nariz sem teto colocou em nós .. (salvo raras exceções, afinal, seremos um deles um dia - e faremos a mesma coisa).


Bem, para vocês conhecerem um pouco da minha história, lá vai um breve "resumo". Quando tinha 5 anos de idade, meus pais se separaram, e minha mãe foi à Defensoria Pública para receber auxílio jurídico para que eu recebesse pensão alimentícia. Foram 7 anos de luta, e nesse lapso temporal, aos 12 anos de idade, comecei a me interessar e perguntar sobre tudo que estava escrito nos autos do processo. O que era "despacho", o que era "vista", etc. Chegando até a ficar assustada com a Execução pelo art. 733 CPC, sob pena de prisão. Na época, a Defensora G.T. me perguntou se eu faria o curso de Direito; começando aí meu interesse pela área. Só que todos nós sabemos que o curso de Direito nas Universidade Públicas é muito concorrido e também exige muita dedicação; e nas Particulares, a mensalidade é totalmente despropocional à renda mensal da população hoje. Então, como já dava aulas particulares de Português dos 13 aos 15 anos quando estava na 7ª e 8ª série do Instituto São Paulo Apóstolo, me apaixonei pelo Magistério. Em 2003 comecei o curso Normal (Magistério) no CE Ignácio Azevedo do Amaral. Completei os 4 anos de formação, e dei aula na Casa Santa Ignez na Gávea na Educação Infantil. Mas os detalhes dessa fase profissional não caberia contar aqui. Não sei se todos sabem, mas no Magistério não temos matérias como Química, Física e Matemática (só a didática da matemática para educação infantil), então se o Direito em Universidade Pública já estava longe para mim, ficou mais ainda. No último ano do Ensino Médio decidi fazer Letras. Entrei para um curso preparatório QI em Botafogo, somente para fazer as matérias que não tinha no colégio. Fiz tudo quanto foi vestibular - UFF, UFRJ, UFRRJ (é...até a Rural) - exceto a UERJ, que preferi nem tentar pra não desanimar no meio do ano. Meu professor do QI disse que para Letras era só não zerar nenhuma matéria e escolher duas para gabaritar (somado a de Português e lingua estrangeira, que óbvio que foi Espanhol porque sou uma ameba em Inglês). Passei para a segunda etapa da UFF, nem acreditei. Resultado da prova discursiva da segunda fase: Em Física, apesar de gostar muito da matéria, sentia muita dificuldade. Então respondi "F=M.A" em todas as questões e o resto fiz séria. Tirei 1,75 em Física (kk, a dica era não zerar, não é?), gabaritando Português, Espanhol, Biologia e Química (estudei pra caral.., mas para seguir a dica: gabaritar Português, Espanhol e outras duas matérias). Deu muita confusão na época, porque me deram 0 em Espanhol, tive que entrar com recurso, e até sair a resposta do recurso eu já tava procurando descontos em universidades particulares através da minha nota do Enem.
Cabe dar uma parada agora para contar do Enem..rs. Fiz aquela prova de 6h ou 5h (ñ me recordo) comendo um lanche do MC Donald's, e depois de comer eu durmi em cima da prova (sempre durmi em provas de concurso e/ou vestibular; na da UFF eu babei no cartão-resposta e fiquei desesperada assoprando aquele bendito papel no meio da prova). Durmir uma meia hora, tempo suficiente para não dar tempo de completar a prova dignamente..a partir das 10 últimas questões respondi tudo C (outra dica do prof. do QI: se não souber, chute C - "C" Deus quiser vc passará, a probalidade de ser C é sempre maior); e pela primeira e última vez na minha vida, tinha deixado a redação por último. Nunca façam isso. Enfim, entreguei a prova com o fiscal arracando-a da minha mão. Soube da minha nota na casa de uma amiga G.S. que insistiu para eu me inscrever no ProUni - Programa de Universidade para Todos. Olhei para a minha nota, ri, ri de novo, e falei "tá bom, me inscreve aí, muito difícil, mas..". Ela preencheu tudo para mim, e me perguntou quais seriam as minhas cinco opções de curso e de Instituição. Rindo, pedi que colocasse tudo Direito e na ordem: UCAM Ipanema noite, UCAM Ipanema manhã, UVA Centro noite, UVA Centro manhã e Univercidade Lagoa noite. Ainda brinquei: "coloca a Candido Mendes de Ipanema que é pertinho de casa..", zoando pois não acreditava que conseguiria.
 
Em março de 2007, recebo numa sexta-feira, às 20:40h, uma carta de Brasília dizendo que eu fui selecionada para concorrer uma vaga com bolsa integral na UCAM/Ipanema em Direito. Deu o prazo até aquela sexta para entregar uns 200 documentos (a carta já tava ali há uma semana, mas não tinha o hábito de olhar a caixa dos Correios - hoje eu vejo todo dia). Não pensei duas vezes, desci a ladeira (é...eu moro numa colina na zona sul do Rio de Janeiro) correndo com a minha amiga P.B. e fui até o orelhão mais próximo (é..meu telefone vive cortado, mas esse detalhe não é necessário). Liguei para a facudade, falei com a Coordenadora M.A. responsável pelos alunos ProUni, e ela disse que a faculdade fecharia 21h. Gente, só eu sei o que eu senti naquela hora. De tanto insistir (nunca desistam de seus sonhos e objetivos, entre com todos os recursos, embargos e agravos possíveis..rs), ela deu o prazo até segunda-feira. Dei um grito no meio da R. Gomes Carneiro de felicidade. Na segunda seguinte, pensei "é só entregar o documentos". Mas eram "200" documentos, tudo bem, uns 15, mas era muito documento. Enfim, rodei a cidade inteira atrás de cartórios para buscar certidão de casamento da minha mãe, autenticar cópias, pegar contra-cheques, foi um dia de estagiário..rs Mas CONSEGUI. E quando chego em casa, olho a caixa dos Correios (que depois daquela sexta-feira não fico um dia sem não olhar), e encontro um telegrama da UFF informando a minha aprovação para Letras. Aí você fala: "puxa que partiu". Mas eu só pensava na faculdade de Direito. Futuramente, ainda pretendo a voltar a dar aula.
 
E é isso, o começo. Comecei as aulas quando todos já haviam começado, e foi aí que conheci a minha amiga I.F. pedindo o caderno dela emprestado (faço isso até hoje :-p, vida de estagiário...sabe como é neh...vida corrida..rs). Mas na época não fazia estágio ainda (mas a vida corrida não foi desculpa). Era atendente na empresa C.C.S. de telemarketing, onde dava para fazer 6h de trabalho por dia e dar tempo de fazer um curso e estudar (tá bom, naquela época a falta de tempo para não copiar matéria ERA desculpa). No 2º período, uma amiga nossa C.M. que vocês vão ler muito sobre ela ainda, já era Conciliadora. Foi a primeira do nosso grupo a fazer estágio. Quando ela começou no Tribunal de Justiça me deu conselho para que eu fizesse também. Não pensei duas vezes em trocar um emprego pelo estágio (o que na maioria das vezes para muita gente é uma decisão super difícil, mas na época eu ganhava menos sendo operadora de telemarketing do que num estágio de Direito no 3º período). Mas eu nem preciso falar da realidade de faixa salarial e emprego do nosso país.

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